Parto é um assunto de
extrema relevância para quem está preocupado com o futuro da humanidade.
Nascer é o momento mais
intenso que uma pessoa pode ter em sua vida e tudo foi “desenhado” com
perfeição nos seus mínimos detalhes.
Todos os bebês estão “programados”
para nascer da mesma forma. Há os casos de bebês se posicionam em apresentação
transversa ou pélvica, mas são minoria. O trabalho de parto começa, avisando o
corpo da mãe que o bebê está completamente formado. O bebê faz uma rotação para
encaixar na pelve de sua mãe e, conforme o útero contrai, o bebê segue rumo ao
canal vaginal, dilatando o colo do útero. O útero apenas apresenta dilatação se
o bebê estiver saindo. Quando, finalmente, o bebê está prestes a chegar ao
mundo, saindo do corpo de sua mãe, faz mais uma rotação para que saia pronto
para ser acolhido por sua mãe e olhar nos olho dela.
Animação excelente, entretanto toda vez que assisto só consigo pensar "Pelamordedeus, levantem essa mulher!!!".
Na primeira hora de
vida, a chamada Hora de Ouro, acontece o maior pico de ocitocina de toda a
nossa vida quando respeitada. Segundo o obstetra Ricardo Jones, a ocitocina, também conhecida por “hormônio do amor”, está ligada ao
altruísmo, segurança, delicadeza, descanso, prazer, plenitude. É o hormônio que
traz calma e conexão. É através desse hormônio que o vínculo se estabelece entre mãe e bebê.
Michel Odent e os
pesquisadores do Primal Heath Research
Databank (http://www.primalhealthresearch.com/),
estudam o período compreendido entre a vida intra-uterina e o primeiro ano de
vida e apontam que o nascimento é o momento chave para o desenvolvimento das
capacidades de amar. Segundo Odent, comportamentos auto-destrutivos e violentos
estão ligados a nascimentos igualmente violentos, nos quais o processo
fisiológico do parto, quando há a liberação do “coquetel” de hormônios do amor
(ocitocina, prolactina, endorfina etc.) foi negado ou interrompido de alguma forma,
seja por anestesia ou cirurgia.
Michel Odent afirma ainda que,
não por acaso, as sociedades mais violentas são as que têm o número de
cesarianas mais elevados. A “sorte” dos bebês destas sociedades é a capacidade
do ser humano entender uma gestação e antecipar sentimentos maternos, sorte
essa que nenhum outro filhote mamífero tem. Qualquer fêmea anestesiada ou
operada durante o nascimento de seus filhotes, não se interessa por eles, uma
vez que só reconhecem que têm um filho após sentir os efeitos dos hormônios do
trabalho de parto em seu corpo.
É claro que o nascimento não é o único fator determinante da personalidade das pessoas, mas se podemos garantir uma primeira impressão de mundo, como um mundo delicado, respeitoso e cheio de amor, e sabendo que é esse inprint que as pessoas carregam pelo resto da vida, porque não permitir que o parto seja sublime como foi feito para ser?
Segundo o obstetra Jorge Kuhn , até mesmo quando cirurgias cesarianas são necessárias, é possível minimizar o trauma que a cirurgia representa para o bebê diminuindo a luz, o barulho, o frio, não separando-o da mãe ao menos durante essa primeira hora após o nascimento.
Ao entender como
“normal” a forma como a maioria dos brasileiros nasce hoje, que é a cesariana
(falarei mais sobre ela em outro post, mas é impossível falar sobre parto no
Brasil sem falar dela já que 55% dos nascimentos são feitos por cesarianas,
sendo que no sistema privado de saúde, chega a 90%, quando a recomendação da
Organização Mundial da Saúde é de 15%, no máximo), cheias de intervenções,
ambiente frio, mulher com os braços amarrados sem poder acolher seu filho, separação
do binômio mãebebê*, procedimentos invasivos e dolorosos para o bebê, estamos
privando mães e bebês deste momento que define tanto a respeito da vida daquele
indivíduo que acaba de chegar ao mundo.
“Para mudar o mundo,
primeiro é preciso mudar a forma de nascer” (Michel Odent)
*Sempre escrito sem
hífen porque é um binômio tão importante que não deve jamais ser separado, como
brinca a grande obstetra e pesquisadora Melania Amorim. (http://estudamelania.blogspot.com.br/)
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